UMA SÍNTESE DO TEXTO “O BANQUETE” DE PLATÃO
José Rogério de Pinho Andrade
O discurso se inicia com o encontro entre
Apolodoro e Glauco. O primeiro conta o que ocorreu num banquete realizado na
casa do poeta Agatão tal como o havia recebido de Aristodemo. Este se encontra
com Sócrates que está bem arrumado e fica sabendo que ele se dirige à casa de
Agatão comemorar a vitória deste obtida no debate. Sócrates, então, convida-o
para ir junto.
Chegando à casa de Agatão, Sócrates
detém-se pensativo à porta de entrada enquanto Aristodemo entra e logo é
interpelado sobre a presença de Sócrates.
Resolvido o problema que o detivera
à porta, Sócrates entra e é convidado pelo anfitrião para sentar-se ao seu lado
a fim de desfrutar da idéia que lhe ocorrera. É logo refutado por Sócrates que
lhe diz que a sabedoria não passa de um para o outro como a água de um jarro
para outro. Mostra-se humilde, pois está diante de um vencedor de concurso de
poesias.
Outro convidado, um rico negociante
chamado Pausânias, interroga a todos como deverão beber nesse dia, considerando
a indisposição geral promovida pelas comemorações de outra bebedeira realizada
no dia anterior. Tem logo a concordância de Aristófanes, grande comediógrafo da
cidade.
O médico Erixímaco, fala sobre os
efeitos da embriaguez a partir de seus conhecimentos enquanto recebe a anuência
de Fedro, o retórico, quanto a não passarem a reunião embriagados. O médico
sugere a retirada da flautista e que a reunião se dê com apresentação de
discursos feitos em homenagem ao Amor, tão esquecido pelos poetas. Critica-os
considerando que são capazes de falar sobre assuntos tão diversos, de heróis ao
sal, mas não sobre o deus. Por ser o primeiro na ordem do banquete, sugere,
ainda, que Fedro inicie a falas sobre o Amor.
Sócrates questiona alegando que os
últimos a falar, ele é um deles, sairão prejudicados pela qualidade dos
discursos anteriores, visto serem mais entendidos do temas os que o
precederiam. Termina concordando com a sugestão de Erixímaco, pelo qual é acompanhado
do demais.
Então, Apolodoro começa a relatar os
discursos, iniciando com o de Fedro. O discurso se inicia defendendo
“que era um grande deus
o Amor, e admirado entre homens e deuses, por muito outros títulos e sobretudo
por sua origem. Pois o ser entre os deuses o mais antigo é honroso, dizia ele,
e a prova disso é que genitores do Amor não os há (...)” (p.18)
Para Fedro, entre os deuses o mais
antigo é o Amor e, sendo esta a sua condição, é para nós a causa dos maiores
bens. A vida dos homens deve ser dirigida pela “vergonha do que é feio e ao pareço do que é belo” (p.19). Sem o
Amor, não se pode produzir grandes obras e que diante dos amantes o amado se
envergonha. Por seu intermédio, constroem-se cidades, consentem-se morrer por
outro, não apenas os homens, mas também as mulheres. O que mais admiram e
honram os deuses é a virtude que se forma em torno do amor e, mais ainda, “quando é o amado que gosta do amante do que
quando é este daquele” (p.20). Fedro conclui dizendo:
“Assim, pois eu afirmo
que o Amor é dos deuses o mais antigo, o mais honrado e o mais poderoso para a
aquisição da virtude e da felicidade entre os homens, tanto em sua vida como
após sua morte”.
(p.20)
O próximo discurso, visto que outros
ficaram esquecidos por Aristodemo é o de Pausânias.
Pausânias começa criticando o
discurso de Fedro por considerá-lo um simples elogio ao Amor e entendendo uma
dupla natureza ao amor. Faz-se necessário estabelecer qual dos dois tipos de
Amor se deve elogiar. Associa ele o Amor às duas deusas Afrodite: a Urânia (a
Celestial), mais velha e a mais nova chamada de Pandemia (a Popular). Deste
modo, o amor seria duplo, o Celestial (Urânio) e o Popular (Pandêmio). Deve-se louvar todos os deuses e dizer o dm
de cada um, pois as ações, em si mesmas, não são belas nem feias, mas sim na
maneira como são feitas, que resulta a beleza ou a feiúra, isto é, “o que é belo e corretamente feito fica
belo,o que não o é fica feio” (p.21). Então, “o amar e o Amor não é todo ele digno de ser louvado, mas apenas o que
leva a amar belamente” (p.21)
O Amor popular (Pandêmio) é a ele
que os homens vulgares amam. Amam tais pessoas não menos as mulheres que os
jovens e amam mais o corpo que a alma, e ainda, dos mais desprovidos de
inteligência, pois não há preocupação se é decente ou não. O Amor Celestial,
que participa apenas do macho é dedicado aos jovens. Afeiçoando-se ao que é de
natureza mais forte e que tem mais inteligência. Não amam os meninos, mas os
jovens que já começam a ter juízo. É uma dedicação que deve ser duradoura, o
que não é possível na incerteza própria dos meninos. Deve ser este Amor
obediente à lei. Ele não é em si e por si belo nem feio, tais qualidades
dependem da prática dos amantes. Mau é amar o corpo mais que a alma, pois o
corpo é efêmero, lançando o amado no abandono. Bom é o amor constante, pois se
uniu ao que é constante, a alma. Deve-se, então, “congraçar num mesmo objetivo, essas duas normas, a do amor aos jovens e
a do amor ao saber e às demais virtudes, se deve dar-se o caso de ser belo
aquiescer o amado ao amante” (p.24). O amor da deusa Celeste é de valor
para a cidade e os cidadãos.
O próximo discurso, pela ordem
deveria ser o de Aristófanes. Contudo, acometido de um acesso de soluços ficou
impossibilitado de falar. Solicita, para Erixímaco, uma cura ou que ele fale em
seu lugar. O médico receita-lhe um tratamento para os soluços e começa a falar
considerando que o discurso de Pausânias teve um bom início mas não desfechou
do mesmo modo. Seu ponto de partida consiste me considerar a natureza dupla do
amor
“porém não está ele
apenas nas almas dos homens, e para com os belos jovens, mas também nas outras
partes, e para com muitos outros objetos, nos corpos de todos os outros
animais, nas plantas da terra e por assim dizer em todos os seres é o que creio
ter constatado pela prática da medicina, a nossa arte; grande e admirável é o
deus, e a tudo se estende ele, tanto na ordem das coisas humanas como entre as
divinas”. (p.25)
Passa, então, Erixímaco a homenagear
a arte da medicina como a primeira ciência do amor. Seu pressuposto é o de que
sendo dupla a natureza do amor, ele se apresenta como a harmonia entre os
contrários, é a atração ordenada dos opostos. A medicina é a ciência dos
fenômenos do Amor, próprio aos corpos, mas também a ginástica e a agricultura
são dirigidos nos traços do deus Amor. Do mesmo modo a música e as demais
artes. O Amor é moderação e “na medida do
possível, deve-se conservar um e outro amor” (p.27), isto é, tanto o
Celestial como o Popular. O Amor é múltiplo e universal,
“mas aquele que é em
torno do que é bom se consuma com sabedoria e justiça, entre nós como entre os
deuses, é o que tem o máximo poder e toda felicidade nos prepara, pondo-nos em
condições de não só entre nós mantermos convívios e amizades, como também com
os que são mais poderosos que nós, os deuses”. (p.27)
Curado dos soluços, fala Aristófanes
pontuando o seu discurso diferindo-o dos anteriores quanto ao desconhecimento,
por parte dos homens, do poder do amor, pois poucas oferendas e sacrifícios
fizeram a ele. Ele considera o Amor o
deus mais amigo dos homens. Para iniciar os demais no poder do Amor, primeiro
ele fala da natureza humana e suas vicissitudes. Considera, então, que no
passado eram três os gêneros da humanidade: o masculino, o feminino e o
andrógino (comum aos dois). Inteiros eram os homens em sua forma circular:
quatro mãos e quatro pernas, dois rostos opostos entre si, cada um de um lado e
dois sexos. Extremamente fortes e vigorosos, possuidores de uma grande
presunção, voltaram-se contra os deuses e tentaram escalar os céus. Como
castigo, Zeus separou os seus corpos, voltando-lhes o rosto para o lado onde os
costurou, deixando-os com os órgãos sexuais voltados para trás, pois
contemplando a própria mutilação, poderiam tornar-se mais moderados. Mutilada
em duas a natureza humana, desde então, cada um ansiava encontrar sua própria
metade e unia-se se envolvendo um ao outro no ardor de se confundirem, morriam
de inércia e de fome. Assim, iam-se destruindo. A compaixão de Zeus, muda-lhes
o sexo para a frente fazendo com que a geração se processasse um no outro: o
macho na fêmea constituindo a raça, um homem com um homem, constituindo a
sociedade e a convivência. O Amor está implantado nos homens como restauração
de nossa antiga natureza, em nos fazer “um
só de dois e curar a natureza humana” (p.30). Dos andróginos, provem o amor
às mulheres de onde provem a maioria dos adultérios. Das mulheres que se
originam do feminino, provém o amor à mulheres. Dos homens oriundos do
masculino, provem o amor dos homens, dos semelhantes em coragem e
masculinidade. Não é por despudor tal amor e uma prova disso é que, “uma vez amadurecidos, são os únicos que
chegam a ser homens para a política, os que são desse tipo” (p.30). Não se
trata de uma união sexual, pois uma coisa quer a alma de cada um: “unir-se e confundir-se com o amado e de dois
ficarem um só” (p.31). É ao desejo e procura do todo que se dá o nome de
Amor, ele é desejo de união e indivisão e ao deus que isto nos propicia, todo
nosso louvor.
O discurso seguinte é proferido por
Agatão. Inicia-se ponderando que os antecessores nos discursos elogiaram a
felicidade dos homens obtida por intermédio do Amor e não a ele propriamente.
Busca, então, falar da natureza do amor louvando-o e depois aos seus dons. Para
ele o Amor é o mais feliz dos deuses por ser o mais belo e melhor dentre todos.
É também o mais jovem, pois foge da velhice e busca a juventude, pois o
semelhante sempre do semelhante se aproxima. Além de jovem, é o amor dedicado e
a prova é que ele anda
“no que há de mais
brando entre os seres (...) nos costumes, nas almas de deuses e de homens ele
fez sua morada, e ainda, não indistintamente em todas as almas, mas da que
encontre com um costume rude ele se afasta, e na que o tenha delicado ele
habita.” (p.34)
Sua constituição é úmida, o que lhe
permite amoldar de todo jeito. Tais são as características de sua beleza.
Prossegue falando de suas virtudes: primeiramente, não comete e nem sofre
injustiças, não pode ser tocado pela violência, é temperante, é corajoso e
sábio. A sua sabedoria está vinculada à poesia, ele é um poeta (tal qual o dono
do discurso), pois é inspiração em toda criação artística. É ele também, belo,
pois quando surgiu entre os deuses, proporcionou-lhes concórdia e harmonia. É,
portanto, “por ser em si mesmo o mais
belo e o melhor, depois é que é para os outros a causa de outros tantos bens”
(p.35). A ele toda Glória dos homens e dos deuses.
Aplaudido por todos os presentes,
coube a Sócrates a lembrança de Erixímaco de quanto seria belo o discurso de
Agatão e que nada restaria para ser dito, portanto, estaria ele embaraçado
agora. Ao que é retrucado em sua recusa de falar pelo próprio Erixímaco que
duvida de suas habilidades em proferir discurso tão ou mais belo.
Sócrates aceita falar, não em
competição aos demais discursos, mas do seu modo, isto é, sem eloqüência
buscará dizer a verdade sobre Eros. Muda-se o rumo do debate sobre o Amor: do
elogio para a busca de sua essência.
Para não parecer impertinente com as
suas perguntas, Sócrates falará do amor por meio das palavras de Diotima de
Mantinéia (mulher sábia nas coisas do amor). Ele jovem respondia, enquanto ela,
mais velha e experiente o questionava, conduzindo-o à essência do Amor.
Diotima afirma que Eros não é um
deus e nem um mortal, não é belo nem feio. Ele é um gênio (daimon), intermediário entre deuses e homens, criador de laços
entre eles. Qual é, então, a origem do Amor?
Nasceu ele da união de Pobreza
(Pênia / Penúria) com Poros (Recurso / Estratagema). Ela, excluída do festim em
homenagem ao nascimento da deusa Afrodite, a bela, entrou furtivamente ao
término da festa para comer os restos quando encontrou, adormecido pelo vinho,
Poros (Recurso) e, desejando um filho seu, concebeu Eros. Por ser concebido no
dia do nascimento de Afrodite, Eros ama o belo. Por ser filho de Recurso e de
Pobreza possui a condição de ser pobre e longe está de ser belo e delicado. Seu
triste destino é ser como sua mãe, maltrapilho, sem-teto, sempre carente e como
seu pai, engenhoso, astuto, maquinador, hábil feiticeiro e sofista, deseja tudo
quanto seja belo e aspira a tudo conhecer. “Amor
nem enriquece, assim como também está no meio da sabedoria e da ignorância”
(p.41)
Não sendo nem deus nem tolo, ama a
sabedoria, pois “não deseja portanto quem
não imagina ser deficiente naquilo que não pensa lhe ser preciso” (p.41).
Se fosse deus não poderia amar a sabedoria por já possuí-la, se fosse tolo,
julgar-se-ia perfeito e completo, não desejando aquilo que não pode notar a
falta. Eros é, deste modo, carência em busca de plenitude. O Amor é filósofo,
pois está entre o sábio e o ignorante. É o amável que é belo, de outro é o
caráter do amante.
Eros ama. Mas o que ama o Amor? O
que é que ama o amante? O que dura, o perene, o imortal. Ama o bem, pois deseja
o bom como pertence para sempre. Amar é ter o belo (o bom) consigo para sempre.
O supremo Amor é “esse desejo do que é
bom e de ser feliz” (p.43), isto é, comum para todos os homens. No entanto,
nem todos são de fatos amantes, pois se voltam para o amor por caminhos
diferentes.
O Amor é concebido tanto no corpo
quanto na alma. Por isso Eros cria nos corpos o desejo sexual e o desejo da
procriação que imortaliza os mortais, pois, o amor é da parturição do belo,
visto que por geração é a imortalidade que se deseja. O que convém à alma
conceber e gerar? O pensamento e a virtude. Entre os amantes da alma,
“estão todos os poetas criadores e artesãos
que se diz serem inventivos; mas a mais bela forma de pensamento é a que trata
da organização dos negócios da cidade e da família, e cujo nome é prudência e
justiça (...)”(p.46).
O amor ama nos corpos bons sua
beleza exterior e interior. Amando o belo exterior, Eros nos faz desejar as
coisas belas e amando o belo interior, nos faz desejar as almas belas. “Os corpos mortais geram filhos mortais. As
almas imortais geram virtudes imortais” (CHAUÍ, p.211)
Quanto à perfeita contemplação do
amor e de seus graus dá-se do seguinte modo:
“começar quando jovem por dirigir-se aos
belos corpos, e em primeiro lugar (...) deve ele amar um só corpo e então gerar
belos discursos; depois deve ele compreender que a beleza em qualquer corpo é
irmã da que está em qualquer outro, (...) deve ele fazer-se amante de todos os
belos corpos e largar esse amor violento de um só, (...) a beleza que está nas
almas deve ele considerar mais preciosa que a do corpo (...) seja obrigado a
contemplar o belo nos ofícios e nas leis (...) depois é para as ciências que é
preciso transportá-lo (...) em inesgotável amor à sabedoria, até que aí robusto
e crescido contemple ele uma certa ciência, única, tal que o seu objeto é o
belo seguinte”. (p. 47 – 48)
O Amor é, pois, uma elevação da alma
que consiste
“em começar do que aqui é belo e, em vista
daquele belo subir sempre, como que servindo-se de degraus, de um só para dois
e de dois para todos os belos corpos, e dos belos corpos para os belos ofícios,
e dos ofícios para as belas ciências até que das ciências acabe naquela
ciência, que de nada mais é senão daquele próprio belo, e conheça enfim o que
em si é belo”. (p.48)
Após a fala de Sócrates, Aristófanes
tenta dizer algo, mas é interrompido por Alcibíades, que entra embriagado
procurando por Agatão para coroá-lo. É recebido pelos demais convivas quando se
dá conta da presença de Sócrates e critica-o. Este pede a proteção e defesa de
Agatão dos ciúmes de Alcibíades, que acaba elegendo-se para chefe do banquete.
Logo é avisado por Erixímaco dos procedimentos acerca dos discursos sobre o
Amor, ao que é convidado a fazer o seu. De pronto recusa-se alegando a própria
bebedeira, o que o colocaria em desvantagens perante os outros que estão
sóbrios.
Alcibíades propõe, então, louvar a
Sócrates, não para ridicularizá-lo, mas falar a verdade. Tenta descrever
Sócrates como um sedutor insolente que seduz com palavras e discursos.
Considera a postura de Sócrates um ardil de sedução dos mais jovens. Enciumado
por nunca ter conseguido a atenção que esperava de Sócrates, trata de desfiar
as qualidades de Sócrates como a resistência à bebida e ao frio.
Sócrates percebe a verdadeira
intenção de Alcibíades: é jogar Agatão contra ele, mostrando o ciúme que sente.
Declara-o consciente e em perfeito juízo. Com Agatão sentado à sua direita,
começaria uma nova rodada de discursos que consistiria em fazer elogios a quem
estivesse sentado à sua direita. Mas um tumulto se forma com a entrada de um
numeroso grupo de pessoas e, sem ordem alguma, todos são obrigados a beber
vinho em demasia.
Alguns foram embora enquanto o festim continuava até o dia
seguinte com Agatão, Aristófanes e Sócrates. Dormindo os outros dois, Sócrates
se retira, já dia alto, com a companhia de Aristodemo em direção ao Liceu, onde
passou o resto do dia indo descansar em sua casa à tarde.
Deste modo, o tema da beleza está
vinculado ao tema do Amor (Eros) entendido como força mediadora entre o
sensível e o suprasensível, que através dos vários graus da beleza, eleva à
Beleza existente em si mesma. Como o Belo e o Bem coincidem (o Belo é uma forma
do Bem) o Amor é uma força, um caminho que eleva ao Bem.
Para Platão, o Amor não é nem belo
nem bom, mas é sede de beleza e bondade. Não é nem um deus, nem homem; não é
mortal, nem imortal. Como ser intermediário entre o homem e deus, o amor é ”filo-sofo”, em seu sentido mais denso.
Como “filo-sofo”, o Amor condiciona-se pela busca incessante do saber,
tal qual o amante ao amado. O verdadeiro Amor é desejo do Belo, do Bem, da
Sabedoria, do Absoluto e da Imortalidade. Dispondo de vários caminhos, o Amor
conduz a vários graus de bem e o verdadeiro amante, sabe percorrer tais
caminhos até a visão suprema do Belo Absoluto.
O grau mais baixo na escala do Amor
é o amor físico , consistente “no desejo
de possuir o corpo belo para gerar no belo um outro corpo” (REALE &
ANTISERI, p.150). Constitui-se como desejo da imortalidade pela geração.
O grau seguinte é o dos amantes que
se mostram fecundos quanto à alma. Entre estes, encontram-se em escala
progressiva os amantes das almas, os amantes da justiça e das leis,os amantes
das ciências puras.
Por fim, no ápice da escala do Amor,
está a visão sublime e fulgurante da idéia do Belo em si, do Absoluto.
Assim,
o “amor platônico” “é nostalgia do absoluto, tensão
transcendente para o mundo metaempírico, força que impulsiona para o retorno à
nossa existência originária junto aos deuses” (REALE & ANTISERI, P.
150)