1. TRAÇOS CARACTERÍSTICOS DO HELENISMO:
·
Tendência à divisão dos escritos nos
campos da lógica, da física e da ética;
·
Consideravam a física como um
sustentáculo da ética: tendência ao naturalismo ético;
·
Recusa das figuras da transcendência e
do supranatural;
·
Apresentam a filosofia em forma de
sistemas ou doutrinas;
·
Formação de escolas para a transmissão
das doutrinas;
·
Concepção de filosofia como medicina
da alma, terapia para a felicidade.
·
Objetivo maior:
“Renunciar a tudo o aquilo que não dependa de nós e buscar o que dependa de
nós, o logos que habita todo ser humano”. (p. 18)
2.
A PASSAGEM DA ERA CLÁSSICA PARA A ERA HELENÍSTICA: as consequências espirituais
da revolução operada por Alexandre Magno (334 – 323 a.C.)
·
Desmoronamento da importância social e
política da pólis grega;
·
Perda da autonomia política da pólis;
·
Desenvolvimento do cosmopolitismo;
·
Formação da identidade do “indivíduo”
em substituição à do “cidadão”;
·
Separação entre ética e política como
consequência da separação entre homem e cidadão;
·
Combate à ideia de escravidão natural.
3. PRINCIPAIS ESCOLAS FILOSÓFICAS DO
HELENISMO
3.1. O CINISMO:
·
Fundador Antístenes;
·
Principal expoente Diógenes de Sinope:
ü Máxima:
“Procuro o homem”.
ü As
necessidades verdadeiramente essenciais ao homem são as necessidades
elementares de sua animalidade;
ü O
modo de viver sem metas que a sociedade propõe como necessárias;
ü Coincidência
do modo de viver com a liberdade, que consiste em se libertar das necessidades
supérfluas;
ü Desprezavam
o prazer, pois ele debilita o físico e o espírito e põe em perigo a liberdade
(da palavra – parrhesía e de ação - anáideia.)
ü A
“autarquia” (bastar-se a si mesmo), a apatia e a indiferença eram os pontos de
chegada da vida cínica;
ü A
felicidade vem de dentro e não de fora do homem.
·
Crates: difundiu o conceito de que as
riquezas e a fama são para o homem sábio males e que a pobreza e a obscuridade
são bons;
ü O
cínico deve ser apólide, pois ela não é refúgio do sábio;
3.2. O EPICURISMO E OS JARDINS:
·
Surgiu em Atenas por fim do século IV
a.C.
·
Epicuro de Samos (341 a.C.) e a
Filosofia dos Jardins:
ü A
realidade é perfeitamente penetrável e cognoscível pela inteligência do homem;
ü Existe
espaço para a felicidade do homem;
ü A
felicidade é a falta de dor e de perturbação;
ü Para
atingir a felicidade, o homem basta-se a si mesmo;
ü Não
têm importância para o homem a cidade, as instituições, a nobreza, as riquezas
e nem mesmo os deuses;
ü Todos
os homens são iguais, aspiram à paz de espírito, têm direito a ela e podem
atingi-la se quiserem;
ü A
filosofia é formada pela lógica (verdade), pela física (constituição do real) e
pela ética (a felicidade e os meios para alcançá-la).
ü Critérios
da Verdade – a Lógica Epicurista:
a) Primeiro
critério: a sensação colhe o ser de modo infalível: são “afecções” passivas
produzidas por algo, são objetivas e verdadeiras e são a-racionais.
b) Segundo
critério: “prolepses” – representações mentais das coisas; impressões obtidas
por meio da experiência;
c) Terceiro
critério: os sentimentos de dor e de prazer são critérios axiológicos para
distinguir o bem e o mal.
d) Evidência
se dá a partir da ação direta que as coisas exercem sobre nosso espírito e as
opiniões são obtidas por mediação;
e) As
opiniões verdadeiras recebem confirmação por parte da experiência, ou não
recebem desmentido da experiência e evidência; as opiniões falsas são
desmentidas pela experiência e pela evidência ou não recebem testemunho
probante, confirmação pela experiência e evidência.
ü A
Física Epicurista: deve dar fundamento à ética. É uma ontologia de inspiração
Atomista e do Eleatismo e possui os seguintes fundamentos:
a)
Nada nasce do não-ser e nenhuma coisa
se dissolve no nada. A realidade sempre foi como é e sempre assim será;
b)
A fatalidade da realidade é
determinada por dois componentes essenciais: os corpos e o vazio, que é
“espaço”;
c)
A realidade é infinita como
totalidade, tanto dos corpos, quanto do vazio;
d)
Há corpos composto e corpos simples e
absolutamente indivisíveis (átomos);
e)
Há uma infinidade de mundos, pois os
princípios atômicos são infinitos;
f)
Os mundos são infinitos no tempo e no
espaço;
g)
Não há nenhuma inteligência na raiz
dessa constituição de infinitos universos, nenhum projeto e nenhuma finalidade
(clinámem – o casual e o fortuito);
h)
A alma é um agregado de átomos e como
todos os agregados, ela é imortal;
i)
Os deuses existem, mas não se ocupam
dos homens e com o mundo. como sabemos que os deuses existem: temos deles um
conhecimento evidente e incontestável, é um conhecimento de todos os homens em
todos os lugares e é um conhecimento objetivo produzidos por “simulacros”;
ü A
ética Epicurista – o Hedonismo:
a)
Se a essência humana é material,
necessariamente será material o bem específico que torna o homem feliz – este
bem é a natureza, o prazer.
b)
O verdadeiro prazer consiste na
ausência da dor no corpo (aponía) e
na ausência de perturbação da alma (ataraxia);
c)
A regra da vida moral não é o prazer
como tal, mas a razão que julga e discrimina;
d)
Os diversos tipos de prazeres:
naturais e necessários, naturais e não necessários e não naturais e não
necessários;
e)
A felicidade é obtida satisfazendo-se
os prazeres naturais e necessários, limitando-nos em relação aos segundos e
fugindo dos terceiros;
f)
Para os prazeres naturais e
necessários serem propiciados, bastamos-nos a nós mesmos – a autarquia (nossa
maior riqueza e felicidade);
g)
Sobre o mal: se ele é físico e leve,
não ofusca a alegria do espírito; se é agudo, passa logo e se é agudíssimo,
logo conduz à morte (que é absoluta insensibilidade);
h)
Os males da alma resultam das opiniões
falsas. A morte é um mal para quem nutre opiniões sobre ela, a morte dissolve o
corpo e a alma, e não tolhe nada da vida porque a eternidade não é necessária
para a absoluta perfeição do prazer;
i)
Desvalorização da vida política: os
prazeres da vida política são não-naturais e não-necessários e comprometem a aponía e a ataraxia;
j)
Direito, lei e justiça só têm valor e
sentido quando e à medida que são ligados ao útil; o Estado é um contrato tendo
em vista o útil;
k)
A ligação social entre os indivíduos é
a amizade, que nada mais é do que o útil sublimado e é o maior bem que se pode
conquistar.
ü O
quadrifármaco e o ideal do sábio:
a)
São vãos os temores em relação aos
deuses e ao além;
b)
O pavor em relação à morte é absurdo,
pois ela não é nada;
c)
O prazer quando o entendemos
corretamente, esta à disposição de todos;
d)
O mal dura pouco ou é facilmente
suportável;
e)
O sábio é absolutamente imperturbável
e pode competir em felicidade com os deuses;
f)
A felicidade pode vir de dentro de
nós, pois o verdadeiro bem esta sempre e somente em nós: a vida. Para mantê-la
não é preciso muita coisa e este pouco esta á disposição de todos, o resto é
vaidade
Bibliografia consultada:
CHAUI, Marilena. Introdução
à História da Filosofia: as escolas helenísticas. Volume II. São Paulo: Companhia
das Letras, 2010.
REALE, Giovanni e ANTISERI,
Dário. História da Filosofia: filosofia
pagã antiga. Tradução Ivo Storniolo. São Paulo: Paulus, 2003. p. 385.
José Rogério de Pinho Andrade
José Rogério de Pinho Andrade