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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

ENEM, resultado é como parece ser?

O resultado do ENEM é equivocadamente lido e interpretado, e o pior, divulgado, como classificatório, o que infelizmente o MEC reforça. Qualquer pessoa com o mínimo de conhecimentos matemáticos e habilidades em ler dados estatísticos sabe que a média é um número fracionário, assim quanto maior o denominador para um mesmo numerador, menor é a média obtida, por exemplo: 8/4, média 2; 8/2, média 4. Assim, se uma escola A faz uma pontuação X e tem 16 alunos participando do ENEM, ficaria x/16 e se outra escola B tem  uma pontuação também X e tem 261 alunos participando, ficaria x/261. A média da escola B seria menor do que a média da escola A. O MEC/INEP divulga a média obtida por cada escola, mas não esclarece que se tomarmos a média pura e simplesmente, ela não nos revela a real classificação (se é que existe uma classificação) das mesmas. O Colégio Batista Daniel de La Touche, dentre as escolas consideradas TOP TEN (sabe-se lá o que isto significa realmente), foi a única com 100% de participação, e não é preciso nenhum documento comprovando isto, o próprio MEC/INEP informa tais dados.

Outro aspecto a se considerar na análise do resultado do ENEM apresentada em um blog tupiniquim, diz respeito ao desconhecimento do autor da mesma com relação à realidade das escolas confessionais católicas quando comenta sobre o Reino Infantil e diz "[...] a escola do Renascença também se perde com a insistência no ensino da doutrina católica como vetor de aprendizagem, bobagem já abolida nas melhores escolas do país". Não defendo aqui o ensino confessional, mas alerto que duas das escolas melhor classificadas no Brasil (O Dom Barreto - PI e o Pedro II - RJ) são confessionais e católicas.

A melhor definição que já li sobre a situação do Colégio Batista Daniel de La Touche foi feita por um ex-aluno de lá que disse mais ou menos assim: "Eu vejo a classificação do Colégio Batista todos os dias nos corredores da UFMA."

José Rogério de Pinho Andrade

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Gil Cutrim concede reajuste salarial aos professores... grande coisa!

Em reportagem sobre o aumento de salários dos professores do município de São José de Ribamar publicada em um blog tupiniquim, podemos ler: "Com o reajuste salarial concedido, o menor salário do magistério será de R$ 1.035,00, QUASE O DOBRO DO PISO NACIONAL ESTABELECIDO PELA LEGISLAÇÃO FEDERAL, (destaque nosso) [...]." É uma afirmação leviana no mínimo.

Esclarecemos que não é bem assim que as coisas se dão, pois a legislação federal estabelece como piso para o professor de NÍVEL MÉDIO e jornada de ATÉ 40 horas semanais o salário no valor de R$ 1.187,08 a partir de 1º de janeiro deste ano. Este texto legal já foi interpretado e com acórdão divulgado pelo STF.

Ou eu estou enganado ou a notícia é inverídica quando fala que o professor de São José de Ribamar - MA ganhará o DOBRO do que prevê a legislação federal. Nossos governantes, tanto na esfera Municipal, quanto na Estadual, deveriam envergonhar-se das políticas públicas desrespeitosas com relação aos salários dos servidores públicos, em especial com os professores.

A legislação é clara ao definir o piso tendo como base somente os vencimentos, sem acréscimo de gratificações alguma. Nenhum destes valores de referência da prefeitura de São José de Ribamar – MA, conforme divulgado no blog, corresponde ao dobro do que prevê a legislação federal, pelo contrário, o valor da remuneração da Classe I aumentará de R$ 900,00 para R$ 1.035, nem sequer corresponde ao definido pelo piso nacional.

Por estas e outras é que educadores, professores, profissionais qualificados das diversas áreas e, em especial, profissionais formadores de opinião, deveriam usar os meios de comunicação para esclarecer os cidadãos e não confundi-los.

José Rogério de Pinho Andrade

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Filosofia ajuda alunos a refletir e tomar decisões


Filosofia ajuda alunos a refletir e tomar decisões
Autor: Júlio César Paes

Após quase 40 anos, as disciplinas de filosofia e sociologia foram novamente incorporadas ao currículo do ensino médio, em junho de 2008, com a entrada em vigor da Lei 11.684. A medida tornou obrigatório o ensino das duas disciplinas nas três séries do ensino médio. Elas haviam sido banidas do currículo em 1971 e substituídas por educação moral e cívica.

A nova legislação deu força de lei ao Parecer 38/2006, do Conselho Nacional de Educação (CNE), que tornava obrigatória a inclusão de filosofia e sociologia no ensino médio sem estabelecer, no entanto, em que série deveria ser implantada. Na época, as duas disciplinas já eram adotadas em instituições de ensino médio de 17 estados brasileiros.

De acordo com a presidente do Conselho Nacional de Educação, Clélia Brandão Alvarenga Craveiro, a escola brasileira, de um modo geral, carece muito de uma dimensão crítica e analítica. “Não dá para deixar esse trabalho para fazer depois, quando o estudante chegar a universidade”, diz. Em sua opinião, a escola precisa trabalhar com a metodologia investigativa desde o início e, no ensino médio, os conteúdos de filosofia e sociologia, os temas que são extremamente importantes do ponto de vista da cultura escolar também proporcionam uma metodologia muito mais intensiva em relação ao aspecto de refletir e tomar decisões a partir de uma análise da realidade.

Para Clélia Brandão, o conteúdo da filosofia é extremamente importante, pois dá a visão de desenvolvimento, das relações entre as pessoas. “Para construir a cidadania o cidadão precisa estar preparado para enfrentar a complexidade deste mundo. Uma das exigências é que ele tenha capacidade de selecionar informações e refletir sobre o que acontece no mundo”, justifica.
O Brasil tem carência de professores de filosofia para o ensino médio, mas o problema não é isolado. Também faltam professores de outras disciplinas como física, química, matemática, biologia, português, e artes. Segundo dados do último Censo Escolar, cerca de 350 mil professores em exercício não possuem formação em nível de graduação e aproximadamente 300 mil atuam em área diferente daquela em que se graduaram.

Parecer 8/2008 do CNE criou a chamada segunda licenciatura, voltada especificamente para o atendimento de professores que estão lecionando disciplinas para as quais não têm a graduação específica. É o Programa Emergencial de Segunda Licenciatura para Professores em exercício na Educação Básica Pública, a ser coordenado pelo MEC em regime de colaboração com os sistemas de ensino.

Além disso, decreto assinado em janeiro deste ano pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva estabeleceu a política nacional de formação de profissionais do magistério. A União deverá atuar em regime de colaboração com estados, municípios e o Distrito Federal para a formação inicial e continuada de professores para as redes públicas da educação básica estaduais e municipais. A formação para os professores faz parte das metas do Plano de Ações Articuladas (PAR).
(Fátima Schenini)

Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/conteudoJornal.html?idConteudo=349
Acesso: 21.09.2011

Rogério Andrade

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

MEC planeja aumentar tempo do aluno na escola

MEC planeja aumentar tempo do aluno na escola
Jornal da Ciência (SBPC), de 14 de Setembro de 2011.

Para OCDE, o aumento da jornada escolar não é garantia de avanço.
O ministro da Educação, Fernando Haddad, quer que os estudantes brasileiros passem mais tempo na escola, como forma de melhorar a aprendizagem. A proposta é aumentar a duração do ano letivo ou a carga horária diária. Haddad disse que o assunto está em discussão com secretários estaduais e municipais de Educação e integrantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE).

A intenção de aumentar a permanência na escola foi anunciada nesta terça-feira, na abertura do congresso internacional "Educação: uma agenda urgente", promovido pela ONG Todos pela Educação, em um hotel de Brasília. "Há um consenso no Brasil de que as crianças têm pouca exposição ao conhecimento. Seja porque a carga horária diária é baixa, seja porque o número de dias letivos é inferior ao dos demais países", disse Haddad.

O ano letivo brasileiro dura 200 dias e a jornada diária mínima, quatro horas. Ao todo, portanto, são 800 horas de ensino por ano. Número que, na prática, acaba sendo menor, ainda mais quando há greves, segundo o ministro. Ele citou o exemplo de Cuba, país com bons indicadores educacionais, onde o ano letivo tem 220 dias.

Haddad enfatizou que o objetivo é aumentar o número de horas, por ano, que os estudantes ficam na escola. Assim, o caminho pode ser tanto a extensão do ano letivo quanto o aumento da jornada diária. Ou mesmo as duas medidas combinadas. Seja qual for a opção, ele defendeu que haja um prazo de transição, que poderia ser de quatro anos. Qualquer ampliação também exigirá mais investimentos, a começar pelos gastos com merenda e transporte escolar.

"Não vamos encaminhar projeto de lei antes de receber o aval daqueles que vão executar isso na prática", declarou. Mas proposta nesse sentido já se encontra no Congresso. Em maio, o Senado aprovou projeto que amplia de 800 para 960 horas a duração do ano letivo. O texto seguiu para a Câmara.

Ao falar sobre a situação do ensino no País, o ministro comentou os resultados da Prova ABC, que mostrou que alunos do terceiro ano do ensino fundamental não sabem ver as horas no relógio nem calcular o troco. Para ele, esse tipo de incapacidade revela o déficit cultural de parte das famílias brasileiras. "Essas coisas se aprendem em casa", disse Haddad.

A presidente da Undime, Cleuza Repulho, disse que a entidade fará uma enquete com os secretários municipais, em sua página na internet. Ela considera a ideia boa, mas ressalva que as prefeituras não têm recursos para bancar gastos adicionais.

Representante do Unicef no Brasil, Marie-Pierre Poirier concorda que as crianças brasileiras passam menos tempo na escola do que nos países desenvolvidos. Mas considera mais relevante a melhoria das aulas. "Talvez mais importante é o que acontece quando a criança está dentro da escola", avalia.

OCDE - O aumento da jornada escolar, um dos investimentos mais caros que existem na Educação, não garante, por si só, a melhoria no aprendizado. Com uma carga de 4 horas diárias e 200 dias letivos, o Brasil oferece, em tese, mais tempo em sala de aula para seus alunos do que a média de 793 horas por ano para alunos de 9 a 11 anos da rede pública dos países desenvolvidos. Depois dessa idade, os países que integram a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) ultrapassam o Brasil, com uma jornada média de 902 horas por ano no ensino médio.

Em seu relatório anual de educação, "Education at a Glance", divulgado nesta terça-feira, a OCDE não aponta uma relação direta entre o aprendizado e a jornada na rede pública, que varia de 748 horas por ano na China até 1.080 horas por ano na Itália, no ensino médio. No ensino fundamental, aos 7 e 8 anos, a carga anual varia de 493 horas, na Rússia, até 972 horas na Austrália. Para a entidade, a jornada escolar depende muito da realidade de cada país.

"Só ampliar jornada não basta. Não adianta a gente aumentar o tamanho do prato se a porção for a mesma. O aumento da jornada, sem outras mudanças, pode ser contraproducente porque implica custos muito maiores, sem garantia de melhor qualidade" disse o especialista Cesar Callegari, integrante do Conselho Nacional de Educação.

O relatório da OCDE também traz análises comparativas entre as características do ensino em 34 países, inclusive o Brasil, e o desempenho dos alunos na prova do Pisa. Em Ciências, ficou claro que as melhores notas estão diretamente associadas ao ensino do conteúdo dentro da sala de aula. No caso do Brasil, a pior nota média no conjunto analisado, apenas metade das 4,7 horas semanais gastas estudando essa matéria transcorreu em sala de aula. Na Finlândia, que teve a nota mais alta, o tempo de estudo é quase igual, mas 70% dele ocorre na classe. Com isso, o estudo aponta para a relativa ineficácia de "aulas complementares"

Em outra análise, o relatório concluiu que, entre os países desenvolvidos, não há relação direta entre o investimento cumulativo por aluno dos 6 aos 15 anos e o desempenho posterior do estudante na prova do Pisa de leitura. No grupo de 34 países, o Brasil está em último lugar na nota média e tem nível de investimento semelhante aos demais lanterninhas: Rússia, Chile e México. Porém, entre os desenvolvidos, a variação é enorme. A Coréia, com o melhor resultado no Pisa de leitura em 2009, investiu abaixo da média da OCDE. E Luxemburgo, em 29 lugar, investiu mais do que dobro da média.

"Isso não surpreende. Países diferentes podem investir os mesmos recursos na educação, mas não nas mesmas práticas e políticas públicas. Isso explica o motivo de não existir uma relação direta entre o total gasto na educação e o nível de desempenho dos alunos", diz o relatório.
(O Globo)